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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

9E. Strong Scotch Ale - Em 2011

Muito bem pessoal, após vários dias de competição acirrada – visto que a votação ficou empatada e teve a liderança alterada por várias vezes temos o estilo eleito por vocês, amigos leitores, para ser uma das próximas cervejas a serem produzidas pela B&R Cervejas Especiais e postada passo a passo aqui no Blog com receita detalhada para que vocês possam repetir aí em sua casa no seu equipamento sem mistérios.

Por enquanto fiquem com um detalhamento do estilo para irem esquentando os motores e aguçando a curiosidade.
–—
9E. Strong Scotch Ale

Aroma

Profundamente maltado em geral com caramelo aparente. Pode apresentar aromas secundários de turfa e/ou defumados agregando complexidade ao estilo. A caramelização por vezes pode ser encoberta por diacetil que deve ser muito baixo, preferencialmente inexistente para que o caramelo possa ser percebido. Ésteres de baixo a moderados e álcool aparecem nas versões mais fortes. Lúpulos de moderado a muito leves.

Apresentação

A cor pode variar do cobre claro ao marrom escuro, em geral com "feixes de luz" rubi. Deve ser límpida. Cabeça geralmente com taninos acentuados, mas não persistentes nas versões mais fortes. Desvios de cor e cabeça podem ficar evidentes nas versões mais fortes.

Sabor

Ricamente maltado com caramelização aparente (particularmente nas versões mais fortes), traços de malte torrado ou defumado, características de nozes ou castanhas no final da degustação. Sabores de lúpulo e amargores de leves a moderados devido à dominância do malte. Apesar da caramelização às vezes ser confundida com diacetil este pode estar presente mas em níveis muito baixos. Álcool está geralmente presente assim com ésteres de baixo a moderados que podem sugerir ameixa, passas ou frutas secas. O paladar costuma ser pleno e adocicado tendendo a ser meio seco no final principalmente nos casos de uso moderado de malte torrado.

Gosto na Boca

Variando de médio a muito encorpado, com algumas versões (não todas) possuindo grande viscosidade. Costuma apresentar suavidade alcoólica que é bem vinda uma vez que equilibra com o maltado e adocicado. A carbonatação deve ser moderada.

Impressão geral

Rica, maltada e geralmente adocicada, pode ser sugerida como acompanhamento de sobremesas. Com sabores secundários complexos de malte elimina uma impressão unidimensional na degustação. Seu corpo e maltado podem variar.

Comentários

Também conhecida como wee heavy “Pesadinha”, fermentada a baixas temperaturas se comparada à maioria das ales e com baixos níveis de amargor, resulta em um limpo e intenso sabor maltado. Bastante adequada a sua região de origem com malte abundante, fermentação e maturação a baixas temperaturas. Lúpulos não são nativos da Escócia e sua importação costumava ser muito cara no passado, por isso eram utilizados ao mínimo possível.

Ingredientes

Malte Pale Ale com até 3% de cevada torrada. Pode utilizar malte pilsen para ajustar a coloração. O adocicado em geral não é proveniente do malte pilsen, mas da baixa lupulagem, altas temperaturas de brassagem e caramelização na fervura. Uma pequena proporção de malte defumado poderá agregar profundidade além de uma característica de turfa (algumas vezes percebida como terráceo ou defumado) podendo também ser proveniente do fermento e da água utilizada. A presença de lúpulo é mínima embora as variedades inglesas sejam mais adequadas. A água mole é tipicamente utilizada.

Parâmetros
OG: 1.070 – 1.130
FG: 1.018 – 1.056
IBUs:  17 – 35 
SRM:  14 – 25
ABV:  6.5 – 10%

–—

Para o aperitivo era isso que tinha preparado. Aproveito o ensejo para desejar a todos vocês um ótimo Natal e um 2011 repleto de realizações como foi 2010 para nós da B&R e que possamos juntos brindar novas conquistas por todo o ano que se inicia!

Fiquem com Deus e tenham um período de Paz e reflexão!

Nos "vemos" em breve.

Prosit!!!

Breda

domingo, 12 de dezembro de 2010

Qüintos® Tripel - B&R


Ontem, 11/12/2010, estivemos no encontro de sócios da ACervA Paulista em Brotas e além de nossa tríade de cervejas levamos algumas garrafas de Qüintos® para que nossos confrades pudessem apreciar essa que está sendo nossa cerveja mais elaborada deste final de 2010.

Para nossa satisfação as opiniões foram as melhores possíveis e não somente a cerveja agradou muito, mas sua apresentação em garrafas especiais de 750ml com rolhas swing top e seu rótulo inovador criado pela B&R Cervejas Especiais marcou presença e chamou a atenção dos participantes.

Levamos uma garrafa de Qüïntos® Tripel B&R para divulgação, entretanto não conseguimos impedir que a mesma fosse, além de admirada, colocada para gelar, sorteada, aberta e degustada pelos presentes, em uma divertida brincadeira realizada pelos nossos amigos da FATEC que participaram do evento.

Após a degustação, nossa garrafa de amostra simplesmente "desapareceu" - foi sequestrada por uma colecionadora e apreciadora de cervejas - mas ficamos plenamente satisfeitos com o resultado da degustação e com a aceitação e opiniões dos felizardos que tiveram a oportunidade de conhecer esta pequena "jóia" da B&R Cervejas Especiais.

Para os que estiveram ou não no evento, mas que não tiveram a oportunidade de conhecer nossa cerveja, posto aqui algumas imagens de nossa garrafa especial de Qüintos® Tripel, começando por seus rótulo e contra-rótulo, este último que é bastante inovador na medida em que traz as especificações do estilo e os ingredientes da receita estampados (parte posterior da garrafa).



De acordo com meus modestos conhecimentos em cerveja, não tenho notícias de uma garrafa no mundo que traga esse tipo de informações no nível de detalhe que apresentamos, mas peço aos amigos leitores que me enviem fotos e referências caso conheçam algo do gênero.

Espero que em breve todos possam experimentar nossas cervejas e agradeço aos que já a degustaram pelas opiniões e pareceres importantíssimos que recebemos até agora.

Em breve postarei fotos do evento e links de outros sites e blogs que comentem o assunto.

Fiquem na luz.


Prosit!!!

 

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Desmistificando o medo do priming

Passo 7

Bomba relógio? Tampas voadoras? Jatos de espuma? Cerveja "choca" que parece xixi de onça? Levas perdidas? Frustração ou desinformação?

Muitos amigos e amigas tem me perguntado aflitos sobre o que pode ter acontecido com sua cerveja, pois estão "sem gás", com um mínimo de espuma, ou o contrário, quase explodem quando são abertas e jorram como uma garrafa de champagne depois de agitada. Fora os palpiteiros de plantão que ficam disparando comentários a esmo sem nem ao menos tentar entender o que nossos amigos (que ao contrário do que a maioria pensa, nem sempre são iniciantes) fizeram no antecedente para chegar aos resultados que nos trazem no consequente. Mas afinal o que acontece com esse tal de priming que tanta dor de cabeça tem dado na moçada da cerveja artesanal?

Antes de mais nada vamos poupar seu trabalho de leitura: Caso você esteja satisfeito com os resultados de seu priming da forma que você já faz, com as quantidades e produtos que já utiliza independentemente do tipo de cerveja, parabéns! Pare por aqui, pois o mais importante no final das contas é você e os seus amigos apreciarem e aprovarem a sua cerveja, mas se deseja variar e ampliar seus conhecimentos, métodos e se aproximar cada vez mais dos estilos internacionais, boa leitura!


Primeiro vamos falar de potencial de fermentação, pois nada adiantará falar de quantidades sem que sejam definidos parâmetros de decantação, caso contrário nada valerá definir gramas/litro. Colocaremos parâmetros de estilo também, pois há cervejas que precisam estar com carbonatação alta, média ou baixa, cada estilo tem sua espuma e rescência adequadas, não adianta achar que sua Red Ale ficou com pouca espuma, mas descobrirmos que você queria que ela tivesse um creme parecido com o de uma weiss, ou achar que sua IPA não tem CO2 incorporado porque não fica minando bolhas, ou seja, sem parâmetros adequados não chegaremos a lugar nenhum.

Essa postagem me deu muito trabalho de campo, pois também não iria adiantar nada escrever um monte de coisa por mais detalhadas que fossem sem ter dados concretos e didáticos para que vocês pudessem ter de fato os resultados e parâmetros de comparação para concluir se realmente sua cerveja não tem ou tem muita carbonatação.

Além disso fiz ensaios com várias quantidades e com alguns produtos diferentes que são utilizados para priming de forma a mostrar as variações entre usar um ou outro e usar "x" ou "y" gramas/litro, anotando evoluções das garrafas, tanto em pressão como em carbonatação, assim espero pelo menos diminuir essa polêmica sobre o processo e inibir a chuva de palpites e informações truncadas que vemos todos os dias acerca desse assunto.

Cyperus esculentus
Antes de iniciar ressalto que o mais difícil foi encontrar uma forma de medir e mostrar como vocês podem avaliar suas cervejas em casa sem nenhum super equipamento e sem gastar grana com análises laboratoriais, além de não precisarem mais ficar na mão dos "pseudo experts" (que como diz um amigo meu, "especialistas e tiririca rareiam mas não acabam") e acabar achando que você fez algo errado quando na verdade está tudo dentro do esperado. (observem que não me considero "expert", somente procuro passar algo consistente para frente, depois de ler e pesquisar, o que não me exime, mas me afasta, e muito, dos "achismos")

Tiririca: (não, não falo do palhaço-deputado) pra quem não sabe é aquele "matinho" que nasce em todo lugar que não é desejado e que não acaba nem com reza. Pode por até fogo no terreno que a bichinha nasce de novo. Taí uma foto dela pra matar a curiosidade.

1. Parâmetros de decantação
Considero muito importante que a cerveja ao ser engarrafada conserve um mínimo de turbidez e tenha um limite máximo de depósito, pois em alguns testes o excesso de depósito de levedura dentro da garrafa gerou pressão muito superior a de uma amostra idêntica em todas as variáveis exceto na quantidade de levedura em suspensão/decantada. Para conhecimento, uma garrafa de 600ml com cerca de 1,0cm de levedura decantada explodiu no 5° dia de secundária de uma strong weiss a 22°C destruindo mais cinco amostras ao seu redor. Ninguém se machucou, pois estávamos preparados para as reações que, de certa forma, eram esperadas, mas não tente repetir estas experiências em casa, pode ser perigoso.

Como prometi, não falarei aqui em contagem de células, mas vou deixar um parâmetro empírico para que todos que queiram e não tenham um microscópio e paciência para contar células (eu mesmo não tenho paciência nenhuma) possam saber se tiveram uma boa decantação.

MINHA dica é que o depósito aceitável deve ser algo que não preencha totalmente o fundo da garrafa, seja ela do tamanho que for, pois não há como falar em milímetros, já que a quantidade variaria em função do diâmetro da garrafa, por isso, se depois de dias decantando durante a secundária sua garrafa não tiver o fundo totalmente "escurecido" pelo depósito de leveduras ao se olhar contra a luz está dentro do adequado. Ressalva feita às cervejas que levam trigo, centeio e aveia que podem apresentar maior nível de depósito, porém mesmo aqui o fundo não deve estar com uma camada muito alta a ponto de ser vista subindo pela lateral da garrafa quando deixada na posição vertical. (espero que compreendam, mas não é fácil determinar um limite exato sem entrarmos no "tecniquês" profundo, que não é meu objetivo. Para quem quiser detalhes sobre contagem de células e utilização de fermento, acesse: http://www.whitelabs.com/beer/cell_count.html  -  Método de contagem - Dicas e Truques)


2. Parâmetros de carbonatação
O que afinal é carbonatação e como seu nível é medido?
Podemos entender por carbonatação a quantidade de dióxido de carbono incorporada a um líquido - no nosso caso a cerveja - expressa em volumes de CO2. Esse volume de CO2 representa a quantidade determinada pelo volume do gás que pode ser retirado de uma determinada litragem de cerveja à temperatura de 20°C em um ambiente com uma atmosfera de pressão. A unidade de medida pode ser em volumes como nos EUA ou em gramas/litro em praticamente no resto dos países. (porque será que eles são sempre os diferentes?)

Exemplo: 01 litro de cerveja com 2,5 volumes eliminaria 2,5 litros de CO2 à temperatura de 20°C em um ambiente com uma atmosfera, isso se absolutamente todo o gás incorporado fosse retirado. 
De acordo com minhas pesquisas e segundo Ashton Lewis, da Springfield Brewing Company (qualquer semelhança com "The Simpsons" é mera coincidência)  em regra as cervejas ao redor do mundo apresentam as seguintes carbonatações em volume:
Tabela de comparação by Breja do Breda
Obs.: em uma das calculadoras que indico no final da postagem você encontrará valores mais detalhados por tipo de cervejas e que variam um pouco em relação a esses, mas pode confiar nos cálculos.

Outra informação importante que obtive em minhas pesquisas é que a cerveja chamada "verde", ou seja, aquela obtida ao término de fermentação que denominamos primária, embora pareça não ter nenhum gás incorporado, possui sim CO2 dissolvido e que varia de acordo com a temperatura em que se encontra. Para efeito de cálculo adota-se uma constante de 0,9 volumes de CO2 por litro para uma cerveja que acabou sua fermentação primária e encontra-se a 20°C.

A tabela abaixo é facilmente encontrada na internet em muitos blogs e páginas sobre cerveja, além de artigos e livros. O importante é ressaltar que ela demonstra o CO2 dissolvido em H2O e não na cerveja ou em qualquer outra substância, mas nada tem a ver com o coeficiente de expansão do gás como vocês vão encontrar erroneamente colocado em alguns lugares.

Fonte: Wikipedia - Tradução by Breja do Breda

Beleza Breda, agora já sei o padrão internacional para os estilos, sei o CO2 médio residual na minha cerveja após a fermentação primária, mas como saber a quantidade de açúcares fermentáveis e de que tipo precisarei para atingir a carbonatação que desejo na secundária?

Vamos lá meu afoito amigo. A introdução acima era necessária para que as informações não ficassem boiando daqui para a frente, vou mostrar algumas fórmulas e exemplos de cálculo, mas como de costume não vou me aprofundar em algo que já foi estudado, revisto, questionado, provado e aprovado, ou seja, vamos ver como fazer na mão e depois vocês terão acesso às maravilhosas calculadoras de priming que mostrarão a vocês com muita praticidade quanto utilizar de cada produto (dos mais utilizados, pelo menos) para que sua cerveja tenha a carbonatação desejada e por estilo hein, não pense que vai ser um genérico (nas calculadoras é claro, na mão não né!!!).


2.1. Fórmula para calcular a carbonatação com Glucose ou Dextrose
                       v - v0
Rate in g/L = -----------
                      0.27027

2.2. Fórmula para calcular a carbonatação com Sacarose
                       v - v0
Rate in g/L = -----------
                       0.286

onde:
        v0 = nível inicial de saturação da cerveja em volume de CO2
        v   = nível de saturação de CO2 desejado após a carbonatação
        (v0 e v devem ser a unidade de volume à 20°C)


3. Fermentos utilizados nos testes
WB-06
S-33
T-58
WLP-550
S-23

4. Ingredientes para priming utilizados nos testes
Açúcar invertido
Glucose de milho
Mel

Abaixo coloco uma tabelinha com dados sobre fermentabilidade de alguns ingredientes utilizados para priming que certamente resolverá várias dúvidas do pessoal que por caso utilizar DME, pois a quantidade deverá ser maior e as informações sobre o produto que se está utilizando são vitais já que a fermentabilidade varia.

Atenção: a tabela indica a quantidade necessária de cada aditivo para gerar 01 volume de CO2
Fonte: www.collectionsoft.com

Além dos ingredientes citados você pode utilizar o seu próprio mosto que foi retirado antes da lupulagem e armazenado separadamente, nesse caso o cálculo de quantidade é totalmente diferente. Nunca me interessei em fazer a secundária utilizando o próprio mosto da cerveja, mas muitas vezes li e-mails de pessoas perguntando sobre isso e ficando sem respostas ou recebendo respostas que hoje, após ter pesquisado um pouco, sei que eram totalmente equivocadas. Saliento que não foram minhas as respostas. Espero que eles não tenham perdido suas cervejas e que depois dessa postagem possam tentar de novo e ter mais sucesso. 
 
Para 20 litros de cerveja fermentada você precisará de uma quantidade de mosto que irá variar em função da OG, é claro, não tinha pensado nisso não é? Pois será através dela que você saberá a concentração de açúcar no líquido e consequentemente uma quantidade de fermentáveis equivalente àquelas gramas de invertido, mel, high maltose etc., necessária para atingir a carbonatação adequada/desejada, cuja fórmula para calcular aprendemos anteriormente (exemplo no final da postagem).

Segue abaixo tabela com valores de OG e quantidades aproximadas em litros sem diferenciação de estilo, pois aqui você utilizará o mesmo mosto que serviu para produzir a cerveja:

Fonte: http://en.allexperts.com

As quantidades acima podem apresentar uma pequena variação em função do percentual de açúcares não fermentecíveis do mosto produzido, por isso é importante verificar qual foi a atenuação na sua primária e fazer uma correção no volume. Em geral, um desvio de 10% para cima ou para baixo não causará impacto e facilitará bastante sua vida caso escolha utilizar mosto para fermentação secundária.

Como armazenar seu mosto? Retire a quantidade definida antes da lupulagem e coloque em garrafas PET sanitizadas ainda quente, isso ajudará na esterilidade do mosto. Deixe esfriar e congele até o dia em que for fazer seu engarrafamento. Não esqueça de anotar a OG.

No dia escolhido, descongele o mosto, ferva-o novamente e resfrie-o como se fosse fazer uma inoculação de primária, use seu chiller e tudo mais. Adicione esse mosto resfriado na quantidade correta ao fermentador (não esqueça de retirar a lama primeiro) e engarrafe sua cerveja. Deixe a secundária agir como de costume.

Voilá!!!


5. Processos de priming utilizado nos testes
Diluição do ingrediente diretamente no fermentador
Adição do ingrediente em cada garrafa


6. Tipos de cerveja testados
Hefeweizen - 5,8% ABV
Irish Red Ale - 6,2% ABV
Foreign Extra Stout - 6,5% ABV
Tripel - 9,0% ABV
Bohemian Pilsener - 4,8% ABV

7. Resultados obtidos
No geral, e como costumo orientar os que me consultam sobre priming, utilizamos nove gramas de invertido por litro de cerveja para minhas secundárias variando até sete de acordo com a cerveja que estamos envasando, mas para os testes cheguei a utilizar de quatro em uma Red Ale até quatorze em uma Weizen, todas carbonataram a contento e nenhuma explodiu ou vazou.

No caso extremo da weizen com WB06 e 5,8% ABV com 14g/l no terceiro dia após o envase a cerveja já apresentava uma espuma abundante, porém pouco persistente, com formação de bolhas de até 01cm no topo e com uma incorporação e rescência baixas. No sexto dia ainda espumava um pouco de mais, mas já apresentava rescência e persistência excelente, logo, à uma temperatura ambiente de 23°C no local, a secundária durou seis dias (incompletos se considerarmos o horário de envase). O interessante nessa cerveja foi que após 15 dias a 02°C aproximadamente e mais 07 a 5-6°C a decantação foi muito grande e a cerveja podia ser colocada no copo com controle total da quantidade de espuma desejada, ou seja, a formação de espuma no copo melhorou muito com o passar do tempo.

No outro extremo, a Red (6,2% ABV) "aditivada" com glucose de milho (o famoso Karo) levou somente 4,0g/l e conforme era esperado demorou 12 dias a temperatura ambiente para chegar no ponto desejado por mim, porém, no oitavo dia já estava com uma boa persistência e formação de espuma.

A Stout apresentou uma variação interessante, como queríamos testar uma quantidade alta, mas com curta duração o resultado obtido com 10g/l (um pouco acima do aceitável para o estilo, é verdade) gerou em 07 dias uma espuma densa, que se formava rapidamente realizando um bonito movimento no copo, interessante porém foi que o relativo excesso de aditivo não causou uma rescência excessiva em função do tempo em que durou a secundária. A persistência ficou adequada e a coloração bege característica da espuma nas stouts não foi afetada.

Talvez o caso mais interessante tenha sido o da Tripel, cerveja de alto teor alcoólico e de secundária longa, essa amostra com 07 dias de secundária não gerava 05mm de espuma, mas tinha incorporado CO2 o bastante para poder ser bebida. A formação da espuma foi gradativamente se alterando, não a cada dia, mas semana a semana, muito lentamente e depois de vários teste abertos o resultado foi aquele que vocês viram na postagem de 06/11/2010 - Um ano de vida!!!, uma espuma límpida, persistente, cremosa e na medida.

No momento em que escrevo, temos uma Bohemian Pilsener com 9,0g/l na secundária há 05 dias, porém, por se tratar de um fermento lager só abriremos o primeiro teste no sexto dia, mas complementarei o post depois. Para conhecimento, com um dia de secundária abri uma swing top de teste rapidamente e já tinha uma pequena pressão. Essa é a vantagem desse tipo de tampa, você abre e fecha num piscar de olhos, mas não é para ficar fazendo isso com suas garrafas, foi curiosidade minha mesmo.


8. Quantidades sugeridas para carbonatação: Alta, Média e Baixa

Aqui vou ilustrar somente com o açúcar invertido por ser o mais fácil e comumente utilizado, mas as calculadoras te darão a flexibilidade que deseja, assim, segundo a literatura, e arredondando para efeito de cálculo, cada 4,0g/l (quatro gramas por litro) de sacarose resultará em 01 volume de CO2. Lembrando que, também para efeito de cálculo utilizaremos como quantidade padrão de CO2 solubilizado na cerveja pós-fermentação primária o valor de 0,9g/l a temperatura de 20°C (valor dissolvido na cerveja ainda no tanque de fermentação, antes da adição de qualquer tipo de açúcar para priming).

Logo, basta você dar uma olhada na tabela de parâmetros de carbonatação por estilo no começo desta postagem e fazer a regra de três, por exemplo, uma cerveja de trigo que se deseja com 4,0 volumes levará aproximadamente 12g/l de invertido, porque 12? Explico:

Carbonatação desejada: 4,0 volumes
CO2 residual:                  0,9 volumes (tinha esquecido dele não é?)
Carbonatação adicional: 3,1 volumes

Logo, 3,1 x 4g/l = 12,4 ~12g/l  isso se comparando ao "folclore" parece loucura, mas está lá, não sou eu quem inventou nem estou dizendo que "acho" e que é "melhor" e etc., como sempre vejo por aí.  Isso vem de calculadoras que são de domínio público, utilizam tabelas desenvolvidas há muito tempo e que não precisamos ficar reinventando, mas como escrevi lá nas primeiras linhas, se você já está contente com o "seu jeito" manda ver, continue fazendo como gosta, esses são os dados e informações para nos aproximarmos dos estilos a partir de uma produção caseira (lembre-se que a indústria tem outros procedimentos, em geral não fazem priming, certo?).

Eu e o Riva utilizamos 9,0g/l e já perdi a conta de quantas garrafas engarrafei (o Riva engarrafou muito mais do que eu) e não tivemos problemas, somente aquela explosão que comentei acima. Saiba que quase sempre tais explosões ocorrem por defeito no vidro da garrafa, caso contrário a tampa vazaria e até se soltaria, deixando aliviar a pressão. Por isso, inspecione sempre muito bem suas garrafas, evite ao máximo choques térmicos e mecânicos e faça seu priming com conhecimento, planejamento e precisão, assim não necessitará mais temê-lo.

9. Bibliografia:

http://hbd.org/ddraper/priming.html
http://www.skotrat.com/go/default/brewing-info/priming-beer/
http://en.allexperts.com/q/Beer-2269/priming-carbonation.htm
http://mrsteves.com/uploads/instructions/10.pdf
http://www.collectionsoft.com/mybrewcollection/bp0.html (Calculadora - óóóóó)
http://hbd.org/cgi-bin/recipator/recipator/carbonation.html (Calculadora - óóóó)
http://www.tastybrew.com/calculators/priming.html (Calculadora - óóó)
http://www.winning-homebrew.com/krausening.html
http://byo.com/component/resource/article/970-kraeusening-techniques
http://www.beertools.com/html/tutorial/phase03/step02.shtml


Fiquem em paz!

Prosit!!!

PS: espero receber comentários, e-mails e fotos das cervejas dos nosso amigos(as), todas com carbonatação adequada para o estilo escolhido e sem medo de explosões.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

10.000 acessos

A você leitor e amigo agradeço a compania, apoio e  prestígio para atingirmos essa marca que independentemente de números frios representa uma grande quantidade de pessoas interessadas  e curiosas que encontraram no Breja do Breda um porto seguro com informações confiáveis e respostas práticas para suas questões "cervejísticas".

Com orgulho mas sem vaidade, o mais importante desse momento para nós é o fato de que não fizemos alarde, matérias pagas em jornais, papagaios oportunistas em feiras ou eventos, campanhas de marketing ou distribuição de brindes, nem forçamos mais um "enlatado batido" para consumo no mercado, mas sim oferecemos o que nós brasileiros ainda temos dificuldade em encontrar "informações completas sobre cerveja caseira, com qualidade e de fácil entendimento".

Pelos e-mails que recebo, por todos os comentários enviados, pelas notícias de sucesso que tenho acompanhado, pelos muitos problemas que conseguimos resolver mesmo à distância e muitas vezes sem sequer "ver" o que estava acontecendo com as cervejas de nossos amigos, tenho a certeza de que o objetivo deste blog foi e continuará sendo atingido, qual seja, ajudar e informar gratuitamente aqueles que enfrentam dois grandes problemas: o acesso difícil a informações de qualidade e sem segredos e o famoso claro que te ensino, mas somente se você me pagar uma "modesta quantia".

Hoje com Breja do Breda temos na internet muito mais coisas para os cervejeiros caseiros que há um ano, mas não devemos nos acomodar, pois com certeza temos menos do que teremos daqui há doze meses, no que depender de nosso Blog isso estará garantido. Temos muito a fazer e a aprimorar, mas com a ajuda de vocês fica a certeza de que conseguiremos.

Obrigado por acessar e divulgar o Breja do Breda e a cultura da cerveja caseira artesanal no Brasil.


Um brinde especial a você que também é parte importante dessa história vitoriosa.

Prosit!!!

Breda

sábado, 6 de novembro de 2010

Um ano de vida!!!

Hoje, 06 de novembro de 2010 o Breja do Breda completa um ano de vida e nada melhor do que comemorarmos com os amigos que nos acompanham a cada publicação!


Como prometi há alguns dias, faço neste post de aniversário a divulgação de nossos Kits de Natal e de nossa Tripel - Edição Especial de 2010. Nossa marca hoje já é conhecida nas rodas de cerveja artesanal e nos locais onde se bebe cerveja de qualidade em algumas cidades do estado de São Paulo e até fora dele, como é o caso do Mato Grosso.

Para este primeiro ano, produzimos somente cem kits com três garrafas de 500ml em uma bela caixa, especialmente desenhada para acomodá-las, de forma a ser um presente original e de bom gosto para o apreciador da cerveja feita à mão. No Kit padrão há uma Foreign Stout, uma Irish Red Ale e uma HefeWeizen, todas dentro dos parâmetros dos estilos correspondentes e com receitas originais B&R. Digo Kit padrão, pois caso o cliente deseje, podemos montar o kit com diferentes combinações de acordo com sua preferência.
Kit B&R

Tríade B&R - Stout - Weiss - Red Ale

Red Ale B&R

Weiss B&R

Stout B&R

Além dos Kits, elaboramos especialmente para este aniversário, uma Tripel nos moldes tradicionais das originais e mundialmente conhecidas trapistas belgas. Depois de muita pesquisa e da escolha criteriosa de ingredientes concebi a receita desta maravilha forjada em Campinas com o carinho que toda cerveja artesanal merece. Foram envasadas somente 30 garrafas especiais com tampa "flip top" ou "swing top" para esta edição histórica que são uma ótima opção de presente para alguém especial, mas temos mais 50 garrafas caçula de 600ml e 50 de 335ml (estilo Duvel) para atender aos que desejarem apenas degustá-las.

Qüintos Tripel - B&R

Qüintos Tripel - B&R

Façam seus pedidos enviando e-mail para mhbreda@hotmail.com, como as edições são limitadas não há garantia de que poderemos atender a todos os pedidos, pois muitos já estão encomendados.

Nesse instante em que finalizo a postagem ainda há alguns exemplares de ambas.

Fiquem em Paz.

Prosit!!!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Novíssimos Rótulos B&R Beer

Me recordo de algumas perguntas dos nossos amigos e leitores sobre rótulos, como criá-los, onde produzi-los, como colocá-los nas garrafas, quanto custa, que tipo é melhor entre outras. Não responderei a essas perguntas neste momento, mas caso alguém precise de respostas para as mesmas não se avexe em me enviar um e-mail, terei muito prazer em auxiliá-los.

A intenção hoje é divulgar em primeira mão os rótulos desenvolvidos para nossas cervejas e que serão utilizados já neste natal nos Kits de Presente B&R Beer.

Como tudo em nossa produção, nossos rótulos foram desenvolvidos artesanalmente por nós mesmos, as idéias discutidas por mim e pelo Riva com a opinião de nossas famílias e amigos nos permitiram chegar ao resultado que passo a apresentar. Seguirei a ordem natural da criação dos rótulos o que não tem nenhuma relação com preferências pelas cervejas ou pelos próprios.

Abaixo de cada rótulo adicionei a descrição que consta do contra-rótulo de cada estilo de forma a possibilitar uma leitura mais confortável já que as letras no contra-rótulo são bastante reduzidas. Claro, os textos também são originalmente criados por mim.

Lá vão eles, espero que apreciem a roupagem de nossas garrafas:

Nossa Stout é uma cerveja encorpada de paladar maltado e marcante, apresentando aromas complexos de café, petróleo e com suave nota de chocolate amargo. Harmoniza muito bem com carnes vermelhas, de caça e comidas de inverno. Experimente ousar degustando a Stout B&R junto com sobremesas à base de chocolate.


Nossa Red ale é uma cerveja cremosa com aromas sofisticados de lúpulo, nozes e madeiras nobres, possui um toque de damasco além de um amargor característico das melhores cervejas inglesas. Harmoniza muito bem com massas recheadas, aves, peixes e queijos. Experimente ousar degustando a Red ale B&R combinada com frutas silvestres.


Nossa Weiss é uma cerveja leve e refrescante possuindo aromas característicos de banana e mel com uma leve pitada de cravo. Harmoniza muito bem com saladas, peixe cru, carpaccios, foundues, racklete, queijos brie e camembert. Experimente ousar degustando a Weiss B&R junto com sobremesas quentes, petit gateau e flambados.

 
Nossa Cherry B&R é uma cerveja leve elaborada com cerejas "in natura" selecionadas e maceradas em um processo artesanal que antecede a fermentação. Produzida uma vez por ano em dezembro durante a estação da fruta foi inspirada nas famosas Kriek belgas, tem coloração avermelhada, espuma leve e alva. Harmonize esta deliciosa cerveja com scargots e batatas fritas ao estilo belga.


Nossa Gold Ale é uma cerveja equilibrada produzida utilizando fermentos belgas possuindo aromas maltados e coloração dourada. Harmoniza muito bem com petiscos, comidinhas de boteco e churrasco de cordeiro. Experimente ousar degustando a Gold Ale com frutos do mar ou caviar.


Nossa ESB é uma cerveja de paladar maltado e amargor acentuado e marcante, apresentando aromas complexos de lúpulo com notas de café torrado. Harmoniza muito bem com embutidos, carne de porco e conservas. Experimente ousar degustando a ESB junto com sobremesas quentes como crepes e churros recheados.

 
Nossa Strong Weiss é uma cerveja robusta, com personalidade, amargor suave e de alto teor alcoólico, porém equilibrada. Harmoniza muito bem com carnes especiais como cordeiro e avestruz. Experimente ousar degustando a Strong Weiss acompanhando queijos Brie, Roquefort e Royal Dutch.


Como puderam perceber existe um padrão de comunicação visual em todos os rótulos. De forma simples conseguimos colocar muita informação sobre a bebida e ao mesmo tempo não poluir a mensagem obtendo, portanto rótulos limpos e informativos.
 
Por fim, tenho o prazer de apresentar a vocês nossa última criação e que por uma feliz coincidência pode vir a ser um dos primeiros rótulos oferecidos aos consumidores, com vocês nossa tripel, produzida com fermento Belga apropriado para cervejas trapistas, com lúpulos utilizados pelas mais famosas cervejas tripel do mercado e seguindo a tradição daquele país em se produzir cervejas com adição de candi sugar:


Qüintos® Tripel B&R é uma cerveja de aromas e sabores complexos com forte presença de frutas e leve toque de especiarias. Ligeiramente adocicada devido à adição de "candi rock sugar" e com um suave amargor advindo da combinação perfeita dos lúpulos "Styrian Goldings e Tettnang" que somados à marcante sensação trazida por seu alto teor alcoólico proporciona uma degustação única e equilibrada. Aprecie essa deliciosa cerveja em taças altas de bojo largo, preferencialmente de cristal. Harmonize com massas secas com molhos à base de queijo. 
Aguardem! Até o final de dezembro postarei aqui nossa garrafa especial para esta cerveja mais que especial, tenho certeza de que vocês irão gostar. Será uma tiragem limitada de 30 unidades.

Aqui registro com orgulho nossas criações com a certeza de, em breve, estarmos juntos degustando algumas delas.

Aos amigos que já tiveram ou não o prazer de experimentar algumas de nossas criações, todas, sem exceção, com receitas originais, fica o lembrete para acessar nosso blog na primeira semana de novembro para conhecer nosso Kit de Natal e fazer suas encomendas, serão somente cinquenta unidades e 26 já tem endereço certo.

Espero que tenham gostado.

Fiquem com Deus.

Prosit!!!

Para proteger os direitos de autoria, imagem e maarca, todos os rótulos estão registrados em cartório e constam de processos no INPI desde outubro/2010.

domingo, 17 de outubro de 2010

Cervejas Extremas

Quem disse que os extremos são perigosos?

Enfim chegamos ao último estágio de conscientização. Como se diz, o último, mas não menos importante! Se você nos acompanhou e teve a oportunidade de degustar algumas cervejas sugeridas aqui ao longo desse árduo caminho, parabéns! Se conseguiu arrebanhar mais adeptos com você, parabéns em dobro!!

Esse conceito de cerveja extrema embora pareça ser bastante recente, foi utilizado e documentado em Boston no ano de 1994 para descrever a Triple Bock Sam Adams (17,5% ABV – álcool por volume), além disso, há informações de que home-brewers americanos perseguem essas características desde os anos 70, pois esse tipo de cerveja tem nos EUA sua maior popularidade.

As chamadas “Extreme Beer” começaram a tomar corpo mundialmente há pouco tempo, a menos de dois anos atrás a cerveja mais alcoólica do mundo tinha 27% ABV, mas os consumidores queriam mais. Como na sua grande maioria as cervejas possuem entre 4 e 6% ABV (logicamente há ainda várias com 8%, 9%, 10% +) sabemos que esse teor é determinado pelos limites da fermentação tradicional, contudo, utilizando-se de um método chamado de “Freeze Destilled” repetidas vezes podemos conferir à bebida aromas e sabores inimagináveis, além de teores alcoólicos surpreendentes que superam os 40% ABV. Lembrando aos mais afoitos que o método é muito antigo e utilizado nas cidras chamado também de "freeze distillation", "normal freezing" ou "progressive freezing", mas começou a ser utilizado na produção de cervejas recentemente.

Mas o que vem a ser esse processo de “destilação por congelamento”? O termo destilação é aplicado aqui de forma ilustrativa, já que sabemos que a destilação pressupõe o aquecimento da mistura de forma a evaporar e condensar o líquido concentrando seu teor alcoólico devido à separação deste do excesso de água e outros elementos presentes na mistura. Da mesma maneira, quando resfriamos uma mistura a um ponto de quase congelamento podemos separar boa parte da água, em forma de cristais de gelo, dos demais componentes, assim simularemos uma destilação, porém a frio, daí o nome.

Quanto mais se repete a operação, mais “água” se retira da mistura e, por conseguinte, mais a concentramos; Claro, aqui também existirá um limite, mas os entusiastas da cerveja já atingiram os 55% ABV (veja quadro mais à frente). Mais detalhes sobre “freeze destilation” acesse http://wiki.homedistiller.org/Freeze_distillation .

E como uma cerveja pode ser considerada extrema? Somente por ter altíssimos teores alcoólicos? A resposta é NÃO. De acordo com nossos amigos americanos, para que uma cerveja receba este estigma ela precisa se encaixar em pelo menos uma das características abaixo:

* Cervejas produzidas sem lúpulo (acreditem!!), mas com alta concentração de plantas como urze (estorga) ou lavanda (procure por heather flower – essas flores eram utilizadas na Escócia antes do advento do humulus lupulus pela facilidade de encontrá-las naquele país);

* Cervejas envelhecidas em barris de carvalho de Jack Daniels e que tenham teor alcoólico igual ou superior a 20%;

* Estilos tradicionais de Cerveja, mas com o dobro, triplo ou mais de lúpulos ou maltes;

* Cervejas que levam ingredientes como chocolate, manteiga de amendoim (mais americano impossível) ou café em grãos (olha aí, de repente você já fez uma extrema e não sabia) tudo em altas dosagens;

* Strong Porters produzidas com gengibre chinês cristalizado (acho que não precisa ser chinês, certo?);

* Ales elaboradas com ostras e algas (algas até passa, mas com ostras... prefiro as minhas na concha com limão e sal acompanhando uma boa Irish Red Ale B&R, é claro!);

* Cervejas de paladar marcante por terem sido fermentadas com cepas específicas de fermento que foram inoculadas propositalmente em conjunto com algum tipo de bactéria (contaminação intencional).

Retirei fragmentos de vários locais, mas indico a matéria http://www.gizmag.com/worlds-strongest-beers/15256/  como imperdível, apesar de extensa é muito interessante e abrangente. Deste site retirei a incrível imagem a seguir que me poupou desta vez da montagem de um display com cervejas a serem degustadas. Clique nela para ampliar e visualizar os detalhes. A lista abaixo é invejável e pretendo obter algumas delas (ou quem sabe todas) para degustar um dia desses. Destaque para a garrafa da Utopias que é de muito bom gosto, já a da BrewDog... por acaso estão situadas nos dois “extremos” da lista, seria uma reles coincidência?

 
Como podem ver não se trata somente de muito álcool ou muito lúpulo, mas de coisas que na maioria das vezes até tentamos evitar como uma contaminação, porém feitas de forma planejada e controlada. Provavelmente, outras características podem colocar sua cerveja dentro dessa categoria, elenquei aqui condições consideradas pelos americanos, mas temos as nossas também, por exemplo, porque não considerar como extrema uma cerveja com rapadura ou com aipim (conhecem?), talvez com cupuaçu, quem sabe com açaí e até, porque não, com carambola, mas o importante é a concentração desses adjuntos, lembrando somente que extremo é extremo e não meio.

Caros amigos e amiga considerem-se, portanto, iniciados e não parem por aqui, existe um mundo de sabores, aromas e sensações a sua espera, onde? Bem debaixo do seu nariz, ou ainda não perceberam que as cervejas caseiras artesanais não conhecem limites? Ousar é o verbo, criatividade é a palavra.

Nos vemos.

Prosit!!!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

...seguindo nosso caminho...

Falarei sobre as cervejas do tipo Porter, agora que começamos a curtir cervejas encorpadas e escuras estamos prontos para experimentá-las apreciando todas as suas características e qualidades.

São cervejas escuras fortes e encorpadas, uma matéria bem interessante sobre ela, sua história e curiosidades, pode ser vista na Wikipedia, por isso não me preocuparei em repetir o texto, colocarei somente alguns pontos que acho mais interessantes. 

"No passado as London Porters eram mais fortes, em 1770 há registros de que elas possuíam OG de 1.071 e 6,6% ABV, porém o aumento dos impostos sobre a cerveja durante a guerra "Napoleônica" fez com que a gravidade original caísse para 1.055 e foi mantida nesse patamar até o final do século 19. A popularidade do estilo levou as cervejarias a produzi-la com vários teores diferentes iniciando pela "Single Stout Porter" com aproximadamente 1.066, a "Double Stout Porter" (curiosidade: a Guinness foi originalmente batizada de "Extra Superior Porter" e somente teve seu nome alterado para "Extra Stout" em 1840) com 1.072, a "Triple Stout Porter" com 1.078 e a "Imperial Stout Porter" com 1.095 entre outras. Depois do século 19 a nomenclatura Porter foi gradativamente alterado, contudo as cervejarias Inglesas continuaram utilizando a palavra "Porter" como termo genérico para ambos os estilos Porters e Stouts.

Atualmente as cervejarias tem produzido variedades de Porters incluindo muitos adjuntos diferentes como abóbora, mel, baunilha, chocolate e bourbon, entretanto, as cervejarias especializadas em Porter mantém a tradição de envelhecer a cerveja em barris, sendo a utilização de barris de bourbon bastante comum."

O interessante dessas cervejas é sua personalidade, com pouco tempo você pode distinguir uma porter de uma stout facilmente sem ver a garrafa, somente pelo líquido em seu copo, o aroma e sabor característicos os levarão a gostar cada vez mais das cervejas encorpadas, de amargor acentuado e cada vez mais aromáticas, ou seja, lembram a frase que você ouviu milhões de vezes quando alguém experimentava uma cervejinha pilsener pela primeira vez? "Ah, não gostei, é amarga!", pois é, imaginem então se essa pessoa estivesse provando uma  "extra bitter", nem quero imaginar as possibilidades...

Vamos às recomendações e as fotos:
Se puderem experimentem todas, mas como algumas são muito difíceis de encontrar, comecem pela Fullers London Porter e pela Old Engine Oil, se conseguir não deixe de degustar a Meantime. A Hooker e a Waitrose são imperdíveis, mas não vai ser fácil conseguir uma por aqui.
Boa sorte aos confrades e, se alguém encontrar uma Hooker compre algumas garrafas a mais e me avise, fico com elas!!!
ΛΩ

Barley Wine
A próxima da lista e último estilo desse passo é a famosa Barley Wine. Inglesas de origem e com uma "explosão" característica de aromas, a primeira cerveja a levar esse nome data do ano de 1900, o nome advém do fato dela ser forte como um vinho, pois possui teor alcoólico entre 8,5 e 12% com OG variando de 1.090 a 1.120 e ser feita de cevada e não de uvas. O espectro de cores varia do âmbar ao cobre escuro, mas até os anos 50 todas as cervejas desse estilo eram escuras. Para apimentar a questão de estilos, segundo Martyn Cornell, historicamente as Barley Wines e as Old Ales não apresentam diferenças se comparadas. Não falarei aqui das Old Ales, mas procurem por elas na internet e degustem-nas são pontos de referência interessantes.

No quesito amargor as Barley Wine vão de 50 a 100 IBU e sua coloração pode oscilar de 24 a 48 EBC.

Temos duas ótimas Barley brasileiras que são a Baden Baden Red Ale e a Schmitt Barley Wine; Sugiro começar pela segunda que é mais suave, mas não deixem de provar a de Campos do Jordão, ambas são excelentes. Se encontrar a Schmitt Magnum não perca a oportunidade de experimentá-la.


Experimentem também as belgas Bush de Noël e Bush Ambrée, duas maravilhosas cervejas, valem muito a pena.


Para terminar essa deliciosa iniciação à cerveja falarei das "extreme beer" no próximo post.

Prosit!!!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Amor ou ódio

Já ouviu falar em STOUT? Conhece alguma? Experimentou? Gostou? Não gostou? Algum comentário? Quem nunca ouviu falar na irlandesa Guinness? Irlandesa sim, embora muita gente não saiba, é uma das cervejas mais famosas do mundo, mas porque estou falando dela? Simples, dando sequência na doutrina do consumo consciente de cervejas chegamos ao 4° passo proposto por mim para atingirmos um nível de maturidade que permita aos leitores e apreciadores da boa cerveja avaliar adequadamente qual beber, quando, com quem e harmonizando com o que.

Façamos um breve retrospecto, pensei até em um pequeno gráfico de "gap", mas vamos no gogó mesmo, ou melhor, no "dedó":

* Estávamos na farra das "pilseners";
* Começamos experimentando as Cervejas de Trigo;
* Passamos pelas Pales, Reds, IPAs, ESBs e Browns;
* Tivemos o prazer incomparável de conhecer as Belgas e até DeuS...;
* Chegamos às Stouts, Porters e Barley Wines...

A Guinness tem uma história bem legal que pode ser vista no próprio site da cervejaria (Clique Aqui), destaque para o site que é muito bem feito.

Postei anteriormente um vídeo da nossa Foreign Extra Stout B&R e também os parâmetros internacionais do estilo; vocês podem refrescar a memória acessando a matéria Uma Irlandesa bem gostosa "made in Campinas", foi uma das nossas primeiras cervejas e agradou muito quem teve o prazer de experimentá-la.

STOUT
São cervejas escuras, secas e de amargor médio, teor alcoólico variando desde 3,2% nas Dry a 12% nas Russian Imperial, há registros de que no início (lá pelos idos de 1800) a verdadeira Guinness era bem diferente da que bebemos hoje, por exemplo, em 1896 a OG era registrada como sendo de 1070 e atualmente está em 1042 segundo o livro "Stout" (Classic Beer Style Series) de Michael J. Lewis. Há também nebulosas controvérsias sobre sua origem, se foram os ingleses que a inventaram ou se tentaram copiar dos irlandeses, se veio para competir com as Porters ou até a uma estranha suposição de que elas, as stouts, não foram sempre escuras...pois é..., mas acho que já desviamos bastante, quem tiver interesse, leia o livro, há muita coisa interessante nele e há algumas sinopses pela internet.

Há quem as odeie e muito...torcem o nariz e põe a língua pra fora..., mas quem gosta de Stouts realmente bebe a cerveja com uma pegada diferente, por isso ressalto que o leitor não deve sair pulando os passos e oferecendo uma Beamish pra namorada que até ontem só bebia skol, cuidado! Você pode estar acabando com a possibilidade de ter uma companheira de copo para curtir cervejas de peso. Seja cauteloso, vá gradativamente educando os(as) amigos(as) e colherá bons frutos.

Sugestões de cervejas e acompanhamentos também não faltam, mas gostaria de deixar aqui uma harmonização bastante interessante, convide os(as) amigos(as) que já estejam nesta fase do aprendizado para um churrasco diferente, asse na churrasqueira em fogo forte um pernil de javali, sirva com batatas carameladas na cerveja escura e degustem com uma Foreign Extra Stout (caseira de preferência, mas dentro do estilo) e depois sirvam uma sobremesa gelada à base de chocolate amargo acompanhado de uma Sweet Stout, espero que me digam como foi a experiência (posto receitas minhas para ajudar no evento, se desejarem).


Algumas indicações para degustação: Guinness, Beamish, Murphy's, Samuel Adams Cream Stout, Baden Baden Stout, Meantime London Stout e até a Caracu, porque não?



PORTER (to be continued)

Prosit!!!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Ahh, as belgas...

...várias das melhores cervejas que já degustei vieram de lá. Tudo começara com uma despretensiosa festa de final de ano da empresa onde reuníamos grandes e velhos amigos para comemorar cada ano que se findava, bons tempos aqueles, onde o trabalho era salpicado de "happy hours" e conversas sobre amenidades. Mas foi lá, no Drake's Bar (aqui em São Paulo) que uma noite, enquanto eu e o Fabião "cabelo" esperávamos os atrasados presos no maravilhoso trânsito da capital, que resolvi arriscar e pedir uma cerveja diferente, garrafa de 750ml, rolhada, com um rótulo sóbrio e uma descrição apetitosa, naquele momento nem imaginava que estava prestes a conhecer uma de minhas paixões primeiras, uma La Trappe Tripel, servida em uma taça majestosa que nos faz pensar como deve ter sido viver em tempos medievais...puro devaneio... chegarei nessa obra de arte em breve, retomemos pois nossa estrada.


Para os mais perseverantes, PARABÉNS por terem chegado até aqui e espero que continuem a viagem, este passo os fará mais fortes e motivados a não desistir, pois estaremos agora experimentando sabores, aromas e conhecendo processos ímpares, pois as belgas assim o são, diferentes, especiais e deliciosas.

Relembro a postagem que fiz lá nos idos de 2009 no início do Blog (Começa o Beer Tour e O Paraíso), tive a oportunidade e o imenso prazer de estar na Bélgica onde me deliciei com o Beer Weekend Paradise e visitei cervejarias como a Cantillon, Delirium Café e A La Mort Subite; estive também na Holanda, neste visitei a Trapista Koningshoeven Abbey em Berkel-Enschot nos arredores de Eindhoven onde são produzidas as famosas cervejas La Trappe, alerto que a visita vale cada centavo (de euro é claro!).

Comecemos então pelos estilos Belgas:

Trapistas: Há somente sete mosteiros trapistas produzindo cerveja pelo mundo, como poderão verificar seis deles estão na Bélgica e um está, como citei, na Holanda. Teoricamente, considera-se Trapista somente as cervejas produzida no interior de algum mosteiro ou abadia trapista, ou seja, é um sacrilégio considerar que uma cerveja produzida em outro local seja chamada de trapista ou que siga um estilo trapista, há inclusive um movimento da União Belga dos Fabricantes de Cerveja e do Clube de Cerveja Belga no sentido de combater essa que, segundo eles, é uma utilização imprópria da nomenclatura e prejudica a boa reputação das cervejas belgas. (ver pequena matéria no site da Cervesia). Os estilos mais conhecidos são: Blond, Dubbel, Tripel, Quadrupel. A razão de possuírem tais nomes não é muito conhecida, porém há uma teoria que remete à utilização de marcas feitas pelos monges nos barris de cerveja de forma a diferenciá-los por sua quantidade de álcool, assim teríamos a  letra "X" como marca, ou seja, X seria a mais fraca, XX seria a média e XXX a mais forte, além disso, segundo o pesquisador Michael Jackson - não, não é o cantor (http://www.beerhunter.com/) as marcas seriam respectivamente correspondentes a 3, 6 e 9% ABV. Para ser quadrupel a cerveja deve ter mais de 10% ABV.
Sugiro, pela ordem, as La Trappe blond, dubbel, tripel e quadrupel. Tem a Monasterium da Falke também.


Lambics: São cervejas muito diferenciadas produzidas na Bélgica (Bruxelas e no sudeste do país) e possuem fermentação espontânea, ou seja, não se adiciona a levedura no processo, os tanques são abertos e leveduras selvagens existentes no ambiente da cervejaria se encarregam de trabalhar. Há vasta literatura sobre o assunto, por isso vamos aos tipos de Lambic: Lambic Pura, Gueuze (um blend de duas lambics - uma jovem e uma envelhecida), Mars (com 2% de álcool não é mais produzida), Faro (mistura de uma lambic com uma cerveja mais fraca e adicionada de caramelo), Kriek (lambic refermentada com cerejas), Fruit lambics (com extrato de framboesa, pêssego, cassis, morangos e modernamente com banana, coco, abacaxi, limão e outras frutas silvestres).   
Gosto muito da Mystic, da Kriek Boon e da Kriek Maxx. Como experiência sugiro degustar uma geuze mas com cuidado para não assustar, pois é um estilo muito peculiar, diria até que um pouco difícil de beber, mas vale o conhecimento, as cantillon são muito famosas em Bruxelas mas não são encontradas com facilidade no Brasil.

Abbey Beer: O termo é aplicado às strong ales produzidas de uma forma similar às trapistas, porém que não foram produzidas dentro de um dos sete mosteiros trapistas do mundo (Orval, Chimay, Rochefort, Westvleteren, Westmalle, Achel e La Trappe) exemplos desse estilo são a Leffe e a Duvel provenientes de mosteiros beneditinos.
Podemos experimentar com facilidade as Leffe (Blond, Brunette, Radieuse e se tiverem a sorte de encontrar, degustem a Vieille Cuvée - com 8,4% ABV - maravilhosa)



Golden Ale: Cervejas frutadas e muito aromáticas foram criadas segundo consta para competir com as Pilsener lagers, porém utilizando maltes diferenciados e um mix de lúpulos tchecos, eslovenos e alemães. Podem ter teor alcoólico variando dos 4,5% aos 8,5% e são de alta fermentação.
Que tal uma nacional? Experimentem a Golden da Baden Baden e a Strong Golden Ale da Eisenbahn (show!).


Deus: ahh, a caríssima Deus Les Brut de Flanders, infelizmente cara no Brasil (em média R$ 180,00 a garrafa), pois na Europa você a encontra por € 12,00. Segue o processo de fermentação secundária como os champagnes franceses, a cerveja depois de engarrafada recebe uma nova dose de fermento e de açúcar e refermenta ficando de ponta-cabeça e sendo girada de 1/8 de volta duas vezes ao dia por 20 dias em caves subterrâneas, depois tem o resíduo da fermentação que se acumulou no gargalo retirado a uma temperatura muito baixa para não vazar além da conta e finalmente recebe sua rolha, bom, essa é a lenda. Vale a pena experimentar, mas 99% das pessoas dizem: "Mas nem parece cerveja!" ... admito, não mesmo... mas é ótima. Há a brasileira Lust também, mais acessível, provem.

Esses são os principais estilos belgas e tenho a certeza de que vocês terão uma grande e bem variada lista para degustar até a próxima postagem.

Aqui coloco um link bem interessante onde estão catalogadas todas as cervejarias belgas e suas cervejas além de uma lista de Pubs, Beer Shops entre outras coisas. Acesse BBB - Belgian Breweries and their Beers.

Prosit!!!